Estou decepcionada comigo mesma.
Me decepcionei com a maneira como deixei que a minha vida se acomodasse.
Como deixei de escrever, de sentar e compôr, de contemplar as nuvens do céu.
Minha vida anda pálida.
Anda em modo automático, levantar, trabalhar, muitas vezes nem comer, fazer o que precisa ser feito, ir pra casa e dormir.
Quase como morrer em vida. Como existir e só.
Ando tão sozinha, mas acompanhada de tantos pensamentos que têm sido meu refúgio.
Mas têm sido meu encosto.
Tenho mascarado faces que não me pertencem.
E todas essas sombras de dúvidas, medos e insegurança não me deixam seguir adiante.
Não entendo o rumo que estou percorrendo, nem as curvas que só aumentam.
Embora o caminho nunca tenha sido fácil, essa radicalidade tem me assustado. Superado qualquer expectativa.
Fiz algo que não fazia há tempos. Tomei um palco e cantei.
Não sei descrever aquele momento, alem de sair do meu próprio corpo e flutuar por cada uma das notas entoadas.
Talvez seja mais desse veneno que esteja me faltando.