segunda-feira, 17 de julho de 2017

Uma alegria para sempre - Mario Quintana

As coisas que não conseguem ser 
olvidadas(esquecidas) continuam acontecendo. 
Sentimo-las como da primeira vez, 
sentimo-las fora do tempo, 
nesse mundo do sempre onde as 
datas não datam. Só no mundo do nunca 
existem lápides... Que importa se – 
depois de tudo – tenha "ela" partido, 
casado, mudado, sumido, esquecido, 
enganado, ou que quer que te haja 
feito, em suma? Tiveste uma parte da 
sua vida que foi só tua e, esta, ela 
jamais a poderá passar de ti para ninguém. 

Há bens inalienáveis, há certos momentos que, 
ao contrário do que pensas, 
fazem parte da tua vida presente 
e não do teu passado. E abrem-se no teu 
sorriso mesmo quando, deslembrado deles, 
estiveres sorrindo a outras coisas. 
Ah, nem queiras saber o quanto 
deves à ingrata criatura... 
A thing of beauty is a joy for ever (uma coisa bela é uma alegria para sempre)
disse, há cento e muitos anos, um poeta 
inglês que não conseguiu morrer.

Sejamos a alegria pra alguém que "atravessou" nossa vida
Naquela noite quente, de puro êxtase.
"Onde as datas não datam" mas fizeram valer cada segundo.
E, mesmo que "ela tenha partido, casado, mudado, sumido, esquecido, enganado"...
Que carregue a lembrança daquelas canções.
Daquele tom, desafinado, desconsertado por seus olhos, certeiros.
Atirando todo o seu charme pra cima de mim.
Jogando com dança e graça.
Um jogo que parece nunca ter fim
O de se apaixonar pela pessoa certa, na hora errada.
Encontros desencontrados que a vida me arranja.
E, quem sabe, me traga de volta
Aquela menina.
Ou quem sabe seja mesmo sina.
Andar por aí, só.




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